No último sábado foi realizado um pedágio para comemorar os 6 anos de Lei Maria da Penha que deu rapidez e autoridade para a polícia, Ministério Público e Justiça que agora podem agir imediatamente.
Inclusive o Juiz pode ordenar imediatamente que o agressor pague pensão alimentícia no mês da agressão. Antes os processos enrolavam 1, 2 anos. A dependência financeira do marido (comida e teto para os filhos) está entre as principais causas da tolerância da mulher para com o companheiro agressor.
Esta e outras ferramentas são chamadas de medidas protetivas.
Porém, nem tudo é comemoração, afinal, a lei está longe da aplicabilidade em Bertioga e na maior parte do Brasil.
Aqui, não tem Delegacia da Mulher, casa abrigo (vais sair de casa e ir pra onde) entre outros equipamentos que auxiliam no cumprimento da lei.
Há 3 anos, manchetei no JB: Mulheres de Bertioga também apanham.
Quando aguardava uma entrevista com a delegada plantonista da cidade, Dra. Maria Aparecida, que cuida até hoje da maioria dos casos femininos da cidade apesar de ser plantonista, haviam dois presos algemados e bem sujos, policiais civis armados até os dentes, umas três pessoas na fila aguardando pra fazer B.O., e aí, olho no canto e tem uma mulher, uns trinta com semblante de 40, com dois filhos no colo, no meio daquilo tudo porque apanhava do marido e resolveu tomar coragem de denunciar. Além do pesadelo ainda testemunhar aquela barra pesada com os filhos.
A Lúcia contou umas coisas terríveis que estão acontecendo: marido trancando mulher em casa, que rasga roupas, ciumento, que xinga, humilha... isto também é considerado agressão segundo a Lei Maria da Penha.
A delegada me explicou que antigamente era pior, a mulher falava pro policial ou escrivão e ele respondia:
----- Meu marido me bateu.
----- O que você fez pra ele te bater?
Pô, 40 mulheres agredidas por mês.
10 por semana.
O que tá acontecendo macharada? Ninguém é propriedade de ninguém.
Não vamos ser tolerantes com este tipo de situação.
Ligue 180 e denuncie. A denúncia é anônima.
Bom, quanto a mulher que apanhava do marido, ela me deu entrevista e eu não consegui dormir.
No dia seguinte fui atrás dela, num barraquinho de alvenaria em uma comunidade muito simples daqui.
Espero que ela esteja muito feliz com seu filho e que tenha ficado livre para sempre do covarde, afinal, ninguém nasceu grudado com ninguém.
Lúcia e guerreiras do Conselho da Mulher: PARABÉNS!
Alguém tem que falar pra sociedade do que esta acontecendo.
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